A CP e a REFER estão a desenvolver estudos para expandir a sua actividade, estendendo-a ao mercado de transportes aéreos, o que deverá ocorrer já em meados deste ano.
Pelo que foi divulgado é já certo que a "Pica Airlines" - assim se chamará - será uma companhia a todos os títulos inovadora, plena de conceitos originais como é, de resto, apanágio destas empresas.
Assim, e para começar, o próprio conceito da empresa é original. Fonte da CP que preferiu manter o anonimato informou-nos que esta será uma "Profit, but non profit company". As empresas com fito de lucro mas não lucrativas serão uma nova figura - descrita por não hipócrita - e inspirada nas antigas empresas públicas portuguesas.
Mas as novidades não se ficam por aqui. A "Pica Airlines" terá, logo de início, carreiras regulares para o Turquemenistão, para 30 destinos na Mongólia e mais uma imensidão de outros destinos igualmente atractivos.
Também ao nível dos custos haverá novidades. Todos os funcionários da CP, da Refer, os futuros funcionários da "Pica" e funcionários públicos em geral, bem como os seus familiares até ao 7.º grau, poderão viajar gratuitamente para qualquer destino. Inaugura-se, assim, o conceito das "no cost airlines".
Os restantes 386 portugueses e os estrangeiros terão de suportar um preço absurdamente elevado para o nível do serviço, na linha do que já vem sendo praticado pelas empresas mãe. É mais um conceito novo, o do "High cost but no quality airlines".
Apostando na rapidez do embarque, os passageiros poderão entrar no avião sem exibir o bilhete e os documentos, que lhe serão depois pedidos, em plena viagem, por um "pica". Estes funcionários - que substituirão as hospedeiras e os comissários de bordo - estão já a ser seleccionados de entre homens com mais de 50 anos, com hálito a vinho, má disposição permanente e capacidade de transpirar por completo uma camisa azul, mesmo no pico do inverno.
Os aviões escolhidos - 30 Boeing 707 descobertos num sucateiro da Arrentela onde estão desde 1978 "muito bem conservados" - estão já a ser adaptados para poderem levar um bar entre a turística e a executiva, onde se poderão beber umas cervejas e comer umas sandes que serão vendidas embrulhadas em papel celofane.
As carreiras da "Pica" partirão dos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro e terão escala obrigatória num mega aeroporto que está já a ser construído no Entroncamento, com pistas em todas as direcções.
Terão ainda paragem em todos os aeroportos e aeródromos. Para reduzir o risco de acidentes, os aviões da "Pica" aterrarão de emergência sempre que um outro avião circule num raio de 100 quilómetros e só retomarão a marcha depois de aquele ter passado.
Para o futuro está já a ser estudada, por uma comissão formada por ex ministros e secretários de estado, a possibilidade de rentabilizar os voos com a criação de carreiras eléctricas. Cabe a esta comissão decidir sobre a forma de estender os cabos eléctricos no céu.
O voo inaugural está previsto para 8 de Julho de 2007 e deverá ligar Lisboa a Faro em apenas 8 horas.